A história por trás do nome de cada uma das 30 franquias da NBA: parte 1

Há 75 anos, a NBA era criada. Oficialmente, a atual liga norte-americana de basquete foi fundada em 1949 após a fusão entre a National Basketball League (NBL) e a Basketball Association of America (BAA), porém tem sua data de formação em 1946 por causa da criação da BAA, que foi a liga que popularizou o basquete no país e que passou a ter os maiores jogos da época (no quesito torcida, estádio e engajamento). A NBL, por sua vez, foi fundada em 1937, porém não teve um destaque tão grande quanto a BAA, e é por isso que sua data de criação não é oficialmente reconhecida como a responsável pela origem da NBA (mesmo sendo mais antiga).

Sim, pode ser um pouco confuso essa coisa de nomes, datas, junções e mudanças, mas vale lembrar ali era onde tudo se iniciava. Basicamente, a NBA foi o fruto de duas ligas que já vinham se desenvolvendo, mas precisavam de um empurrãozinho a mais para se consolidarem. Além disso, o quesito de competitividade entre as duas também não ajudou em suas respectivas evoluções. Felizmente, após alguns anos, algum membro das associações teve a genial ideia de juntar as forças e criar uma única liga. Imagina como seria se nada disso tivesse acontecido?

Mesmo que a data gênesis da NBA pertença apenas à BAA, a criação da NBL anos antes também foi fundamental para a formação do que hoje é o basquete nos EUA e em todo o mundo. Da antiga NBL, cinco times se mantêm vivos até hoje: Atlanta Hawks, Detroit Pistons, Los Angeles Lakers, Philadelphia 76ers e Sacramento Kings. Eles, no entanto, nem sempre tiveram esse nomes, essas logos, essas camisas, esses estádios e essas cidades. Da década de 40 pra cá é claro que muita coisa mudou, e por isso, a partir desse texto, trago a história por trás da criação de cada uma das 30 franquias da NBA. A ideia é iniciar uma série de 6 textos com 5 equipes diferentes (em ordem alfabética) a cada nova produção. E aí, vem comigo?

Atlanta Hawks

Ainda em 1946, a NBL disponibilizou um único time para as cidades de Moline e Rock Island (ambas no estado de Illinois), e Davenport (no estado de Iowa). As três cidades — ou “Tri-Cities”, como eram popularmente chamadas — em homenagem a Black Hawk, líder indígena da tribo Sauk (que se mantém em regiões próximas às três cidades), deram o apelido de “Blackhawks” à equipe. Em 1951, o time se transferiu para a cidade de Milwaukee, no estado de Wisconsin, lugar onde o nome se encurtou apenas para “Hawks”. Quatro anos depois, em 1955, a equipe se mudou para St. Louis, Missouri, cidade onde ficou pouco menos de 13 anos. Em 1968, após diversas transições, a franquia se realocou em Atlanta, no estado da Georgia, cidade onde se instala até hoje.

Boston Celtics

Diferentemente do Hawks, o Boston Celtics possui uma história bem mais rasa. Em 1946, o dono da franquia Walter Brown estava pessoalmente procurando por um nome para dar ao time da Associação de Basquetebol de Boston (Boston’s Basketball Association). Os candidatos para apelidos eram Whindwirls (redemoinhos), Olympians (olimpianos), Unicorns (unicórnios) e, claro, Celtics (celtas). Brown, então, decidiu escolher o apelido de Celtics por causa da grande colônia irlandesa presente na cidade de Boston. Foi daí que surgiu o Boston Celtics, franquia que, desde sua data de criação, não muda de nome, cores principais e cidade.

Os Celtas foram um conjunto de povos que habitaram, de 600 a.C até 600 d.C, grande parte da Europa Central e também da Grã Bretanha. A Irlanda é um dos países que mais prezam e reverberam a cultura celta, mantendo-a presente em sua sociedade até os dias de hoje.

Brooklyn Nets

Foi no ano de 1967 que os Estados Unidos viram o surgimento e a fundação da American Basketball Association (ABA), a mais nova liga concorrente da NBA. E o New Jersey Americans, como as 14 outras equipes que iniciaram o campeonato, foi um dos pilares desta nova liga. Em 1968, pouco antes de completar um ano de criação, a franquia se transferiu para a cidade de Nova York, um dos maiores (se não o maior) mercados e polos do esporte estadunidense. Foi lá que a equipe mudou o apelido para “Nets” (redes) — que inclusive muito se assemelha a outras duas equipes tradicionais da cidade, os Jets (que participam do campeonato de futebol americano) e os Mets (presentes na liga de beisebol). É claro que essa similaridade no nome foi algo que pesou na escolha.

Pouco antes da temporada de 1977, a franquia voltou para New Jersey, mas acabou mantendo a mesma alcunha. Após algumas trocas de logo e de uniforme, em 1994, os donos da equipe quiseram novamente mudar o apelido da franquia com o intuito de aumentar a venda de camisas. “Swamp Dragons” (dragões do pântano) era o principal alvo. A torcida, no entanto, não gostou nada do possível novo nome da franquia, e, após um período de grande pressão sobre o front office da equipe, os donos acabaram não mudando o apelido do New Jersey Nets. Em 2012 a franquia se realocou no bairro do Brooklyn, novamente na cidade de Nova York, região onde se instala atualmente. Os donos decidiram manter o apelido, porém optaram por mudar a logo e as cores principais.

Charlotte Hornets

A franquia de Charlotte foi criada no ano de 1987, quando ainda tinha como dono George Shinn. Após alguns dias de discussão com sua equipe, Shinn quis pessoalmente nomear a equipe e decidiu que o apelido da franquia seria “Spirits” (espíritos). Entretanto, como já é de praxe, a reação dos fãs não foi positiva. Aliás, alguns torcedores relacionaram o apelido da equipe com o PTL Club, uma canal televisivo evangélico baseado na cidade de Charlotte que estava sendo investigado por uma possível angariação ilegal de fundos— coisa que dificultou mais ainda a consolidação do apelido entre os torcedores. Após dias de protestos e reclamações, o dono disponibilizou alguns possíveis apelidos para a equipe. Destes, cinco foram finalistas: Hornets (vespas), Knights (cavaleiros), Cougars (pumas), Crowns (coroas) e Stars (estrelas). 9.000 fãs votaram para que a equipe fosse apelidada de “Hornets”.

O Charlotte Hornets durou cerca de uma década e meia, até que em 2004, Bob Johnson, o novo dono da franquia, decidiu fazer uma outra votação para mudar o apelido da equipe. Os três finalistas foram Bobcats (linces), Dragons (dragões) e Flights (voos). Mesmo com algumas críticas ao redor da liga sobre o novo apelido (que incluiu diversas piadas internas entre jogadores, treinadores e donos de franquias), “Bobcats” levou a melhor. Dez anos depois, em 2014, a equipe voltou para suas origens de Charlotte Hornets, alcunha que recebe até hoje, porém desta vez com uma nova logo e sendo gerenciada por ninguém mais ninguém menos do que Michael Jordan, dono da franquia desde 2010.

Chicago Bulls

Entre os 30 times da NBA, o Chicago Bulls talvez seja o time com menor alteração ao longo do tempo. De primeira, já é possível ver (na imagem acima) que o seu logo é o mesmo desde 1966, data em que a franquia foi criada. O nome “Bulls” veio da grande força que a cidade de Chicago tinha no mercado da carne nos anos 60, além do apreço do dono da franquia pela força e dureza dos touros. Pouco antes de oficialmente nomear a franquia, Richard Klein, o dono da franquia, estava dividido entre os apelidos de Matadors (matadores) e Toreadors (toreadores/toureiros) para a equipe. Em meio a decisão pelo apelido, Klein consultou sua família e seu filho exclamou: “Dad, that’s a bunch of bull!” (“Pai, isso é um monte de touro!”).

Nesse caso, a palavra “bull” foi usada no sentido de “bullshit”, que significa “besteira” em inglês, porém Richard Klein tomou no sentido literal (“bull”, do significado de “touro”) e a equipe acabou sendo nomeada de Chicago Bulls. A logo, as cores principais e toda a cultura do time permanecem praticamente intactas até hoje. Dentro das quadras, o resto é história.

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Fontes: Mental Floss e Bleacher Report